sábado, 7 de janeiro de 2012

Celso Antunes - Palestra

Outra leitura para o concurso , muito bom.

Palestra "Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender" (Celso Antunes):


O professor no nosso país está com uma imagem desgastada e desvalorizada. Qualquer outro profissional se sente capaz de avaliar e até discutir sobre a função do professor. Mas o contrário não acontece; o professor tem consciência da sua limitação. Em outros países podemos perceber que o professor é um profissional que ocupa lugar de destaque na sociedade. No Japão, por exemplo, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra que não há professores não podem haver imperadores.

Mas por que no Brasil o professor não tem prestígio?

Segundo Celso Antunes, o professor para adquirir esse prestígio tem que acompanhar as mudanças que ocorrem num ritmo cada vez mais acelerado. Não podemos acreditar que ainda hoje nossa tarefa é apenas informar sobre os conhecimentos acumulados historicamente.

Hoje, a informação está em todo lugar e bem atualizada. Ou seja, a escola não é mais lugar privilegiado de informação. O papel do professor por esse motivo deve ser repensado.
Nesse sentido, há uma brutal diferença entre dar aula ontem e dar aula hoje.


Mas como mudar?

O autor apresenta cinco elementos que na sua opinião são fundamentais para mudar a educação brasileira e por conseqüência melhorar a imagem do professor:

1) A Aula: a aula deve ser o momento de usar a fala. Falar é uma ferramenta imprescindível para o aprender. Proibir o aluno de falar é impedir a sua aprendizagem. Porém, há duas falas diferentes no contexto escolar: a fala descontextualizada do aprender ( que não provoca o processo de aprendizagem) e a fala canalizada ( que organiza o aprender). Para chegar a uma fala canalizada com os alunos é necessário aprender novas formas de dar aula. Mesmo porque, professor não pode ser escravo de apenas um tipo de aula. Hoje, percebemos que muitos professores dão aulas expositivas nos 200 dias letivos. A aula pode ser expositiva, mas também pode ser através de projetos, seqüencias didáticas, roda da conversa, jogo de palavras, enfim, outras formas que possibilitem os alunos usarem a sua fala de forma organizada

2) O Conteúdo: os conteúdos são os ensinamentos que são passados aos alunos. O conteúdo não pode ser metálico e vazio. Devemos perceber-los como ferramentas capazes de desenvolver competências. O aluno tem que aprender a argumentar, a pensar, a ter idéia. O mundo está acontecendo e os conteúdos estão a margem desses acontecimentos. Por isso mesmo os conteúdos devem ter "cheiro, gosto, cor e alma". Só assim poderemos formar gente e não apenas intelectuais.

3) O Professor: o professor deve ser o propositor, o interrogador, o instigador, aquele que ajuda a aprender. Assim, ele deve levar para a sala de aula alguns pontos de exclamação, mas principalmente, muitos pontos de interrogação. Os alunos devem ser induzidos a pensar, a encontrar argumentos. É como diz o ditado popular: em vez de dar o peixe, devemos ensinar a pescar.

4) A Linguagem: alguns professores acreditam que o texto é a única forma de ensinar algo ao aluno. Mas a escola é um espaço propício para o convívio de diferentes linguagens. A música, a mímica, a dramatização, a colagem, o slogan, a escultura são apenas alguns exemplos de linguagens que podem estar presentes no dia-a-dia da escola.

5) A Avaliação: a proposta é olhar a avaliação como quem vê caminhos. É ter olhos para o amanhã, para o progresso. Avaliar apenas para dar uma nota não faz sentido algum.

O professor Celso Antunes finalizou a palestra com a seguinte frase: "quem na terra assumi novas formas de ensinar e aprender não precisa pedir licença no céu, pode ir entrando..."

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